Inovar é para agora? Veja quando é preciso ponderar sobre as vozes do Vale do Silício
Muito se fala em inovação e nos “mandamentos” do Vale do Silício. Mas, já parou para pensar se inovação é para sua empresa? Se inovar é para agora?
Você já ouviu falar de FoMO? O termo é uma abreviação de “Fear of missing out”, ou, no bom português: medo de ficar de fora.
Essa inquietação que, aflige tanto a CPFs como a CNPJs, ganhou significado recente, assim como o termo “bullying”, que a imensa maioria das pessoas já sofreu, mas que não se deu conta até a coisa ganhar um termo pra representá-la.
Na corrida pela vanguarda do que se há de mais novo em termos de recursos tecnológicos para serem agregados nos seus processos internos, o “FoMO” tem sido a mola propulsora de muitos negócios.
De que forma?
Assim como as pautas turísticas do Globo Repórter movimentam as agências de pacotes turísticos na segunda-feira seguinte, o “FoMO” tem causado um verdadeiro deslocamento de massas corporativas, dos analistas aos gerentes, ou, ainda, atingindo a alta Diretoria, que passa a movimentar o turismo de negócios para o Vale do Silício.
Tem também o caso onde essa movimentação é direcionada para os eventos temáticos (os agora popularizados “Summits”), onde os organizadores, num movimento quase que sádico, obrigam os frequentadores a montar a sua própria lista de palestras, workshops e plenárias, que acontecem simultaneamente, ou, tão colados que, nem mesmo um super-herói da Marvel mais prodigioso conseguiria acompanhar sem uma pausa para pelo menos assimilar qualitativamente aquilo que acabou de ver.
A briga pela “vanguarda”, que agora é o medo de não ficar de fora, pode ser cruel. Nós não estávamos preparados para essa velocidade com que as mudanças ocorrem.
Há pouco tempo, a sensação que tínhamos era que o hoje era exatamente igual ao ontem e que o amanhã seria exatamente como o hoje. Para não ficarmos de fora da “crista” das novidades, somos capazes de muitas loucuras – e por que não dizer, atrapalhadas.
Daí a importância de se tratar de armadilhas que envolvem a busca por inovações quando elas desconsideram algumas coisas que são básicas e que, desde o tempo pré-internet, já estavam aqui. Elas podem ser uma pedra no caminho quando o que se quer é usar a tecnologia para se ganhar escala, modernizando/automatizando processos.
O Top problemão: chamar mais visitas sem arrumar antes a casa
Dias atrás, motivados pelo “FoMO”, tivemos a oportunidade de fazer uma Formação em GrowthHacking, na nossa parceira WIS Educação.
Growth Hacking nada mais é que a quebra de processos convencionais em fases para se pensar novas formas de vencer aquelas etapas. Tudo de forma legal, claro.
Um alerta do professor veio como uma voz grave, bíblica, de cima do monte, para a galera com a cabeça no Vale: “Com Growth Hacking ampliarás o que possuis. Se caquinha tiveres, um cacão terás. Se algo bom é o que desenvolvestes e, com ele, boas experiências para o consumidor final já propiciastes, algo potencial então tens ”.
Então, a lição número 1 antes de se investir alto naquela automação usando o Watson porque ouviu falar que a tendência agora é Machine Learning, é criticar os seus processos internos. A começar pelo atendimento.
Pergunta básica: você confia na sua equipe de vendas? Colocaria a mão no fogo pela forma como eles convertem os caros e suados leads em vendas? Como eles agem quando você não está por perto?
Dica: use a técnica do “cliente oculto”. Não é invenção de Elon Musk. É um teste tão antigo quanto a rolha e que tem servido muito para detectar falhas quando tudo o que o potencial cliente quer é comprar, e a equipe de vendas (um membro ou parte do time) não facilita.
Quebre o seu funil. Avalie as etapas. Se não estiver “azeitado”, atrair fluxo será desperdiçar fluxo. E investimento.
Ai quem dera se fosse só aqui dentro
Não bastasse os problemas potenciais dentro de casa, ainda tem os vizinhos. Os estudiosos da Administração entregaram pra gente, que precisa se preocupar com gestão (a partir do momento que entendemos que o negócio não é uma ilha), uma forma bem didática de entender o ambiente de negócios:
Zona de Domínio
- A empresa em si. Aquilo que está sob a batuta do dono do negócio. Aqui se encaixam componentes como pessoas (colaboradores), processos e equipamentos. Aqui se admite, demite, promove, estimula, desestimula, troca sistema, troca equipamento, altera processo, aposenta processo, cria processo, etc.
E é aqui onde estão as fraquezas e as forças. E nesta arena, tudo precisa estar bem equilibrado. Imagine uma automação com inteligência artificial capaz de gerar muitos leads, que vão ser geridos por um time que nem possui um CRM. Liga-se para o potencial cliente.
Não se consegue falar na primeira tentativa e nunca mais um novo contato é feito. Ou o lead virou cliente e continua recebendo ofertas do item que já comprou. Não há banco de dados. Há bando de dados. Este desequilíbrio dos componentes internos é um grande gargalo para se escalar um negócio. Para te ajudar, listamos algumas perguntas bem pertinentes:
Zona de Influência
- Neste grupo, estão os agentes que interagem com o negócio, mas sobre o qual os donos não possuem poder. No máximo, influência. Clientes, fornecedores, bancos são bons exemplos. Imagine um projeto de digitalização que culmina numa loja virtual, e que o cliente não consegue pagar. O ambiente do cartão trava.
O boleto abre num popup, que o navegador bloqueia. A taxa de juros cobrada do agente financeiro impacta de tal modo o preço final que o consumidor não acha atrativo. Gargalos nesta esfera podem ampliar problemas na zona de domínio. E facilidades oferecidas por estes agentes podem não ser aproveitadas em plenitude pela estrutura interna.
Um exemplo que sempre dou é o uso da mídia e-mail marketing, que tem links para o site da empresa que não recebem as UTMs do Google Analytics, que algum funcionário precisaria conhecer e aplicar. No final da campanha, quando é importante parar e avaliar se valeu a pena ou não o esforço, até mesmo qual mídia mais trouxe leads, essa inteligência se perde. O Google fornece isso de graça. Basta o time interno usar o recurso. Se você parasse agora pra fazer um balanço, quais recursos já contratados e disponíveis estão aí parados, como uma limusine na garagem? Sem um usuário pra chamar de motorista? Vale refletir:
Zona de Adaptação
- Aqui estão os agentes que não se pode controlar e nem influenciar. Claro que há exceções, mas elas hoje respondem na Lava-Jato. Aqui está o Governo, clima, política, legislação local, nacional, internacional, etc.
É onde moras as oportunidades e as ameaças. Mas a principal relacionada a este artigo aqui é a tecnologia. Ela, que mora na zona de adaptação, é que tem causado o tão famigerado FoMO, e feito com que muitos donos de negócios, gerentes e outros ‘entes’ deem as costas para as outras duas zonas (domínio e influência) e passem a exigir que as empresas onde atuam deem um jeito de absorver as novidades, sem antes se fazer a boa e velha FOFA. Calma!
Eu explico: aquela análise que você chama de SWOT, ou análise de Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças. Mas falando especificamente da zona de adaptação, cabe considerar minimamente:
O que mais causa “espantamento” (espanto + estranhamento) é que muito do que falamos aqui não é nada novo. São conhecimentos já consolidados e espalhados, que envolvem o “PENSAR O NEGÓCIO” num olhar de dentro pra fora e de fora pra dentro.
Não há como negligenciar o quanto as fraquezas internas podem minar qualquer boa intenção de se conseguir escala num negócio. Muito se explica também pela nossa mania de querer aprender fórmulas. Coisas que deram certo para A e que são vendidas com uma quase garantia de que darão certo para B, sem se fazer o balanço com a FOFA. Daí, para finalizar, vale resgatar algo também bem antigo, em forma de conselho de mãe.
Convém sempre lembrar:
Você não é todo mundo.
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