Você acredita mesmo na imparcialidade da imprensa?
Difícil encontrar um estudante de jornalismo que não tenha aprendido durante a faculdade aquele “princípio máximo da profissão”: a imparcialidade. Mas, afinal, ela existe mesmo?
Não vamos nos iludir. A imparcialidade é uma busca utópica.
A parcialidade se manifesta desde a escolha do título até as expressões, ordenamento das informações e mesmo uma vírgula. E não há problema nenhum nisso.
O que se pregou por anos nas faculdades de imparcialidade e da isenção da imprensa já era. Hoje, até entre jornalistas e veículos já é uma quase unanimidade que ela não existe.
Isso invalida o trabalho prestado pela imprensa? De forma alguma.
Mesmo sem a tal imparcialidade, o jornalismo continua sendo – com cada vez mais força, em época de fake news – a melhor fonte de informação. Apesar da não isenção, jornalistas, em geral, cumprem o seu papel de ouvir os dois lados e dar os mesmos espaços para ambos. É isso que faz (ou fará) o jornalismo, os jornalistas e os meios de comunicação continuarem sendo as fontes mais confiáveis.
Por mais que você possa questionar a isenção de um veículo ou outro, você sempre saberá quem produziu o conteúdo. E poderá até responsabiliza-lo por qualquer erro cometido involuntário ou deliberado.
Já as informações falsas, as visões deturpadas, as estatísticas pinçadas e tudo mais que a gente vê um monte de vezes nas mídias sociais não têm um dono e ninguém sabe quais são os reais interesses de quem produziu. Eles nunca assinam embaixo daquilo que produzem. Eles também têm seus objetivos e suas imparcialidades. A diferença básica é que não há nada que o responsabilize por isso. Nem um código de ética, nem uma legislação e muito menos a opinião pública.
Diante disso, a gente é super a favor de que os veículos declarem suas posições em relação a temas e até mesmo em relação aos governos. Isso seria um avanço gigante para a nossa democracia. Mas essa declaração não é um aval para que os veículos saiam por aí falando o que querem. Eles devem continuar fazendo o seu papel de cobertura dos fatos, com o devido equilíbrio no trato das informações e no respeito à sua audiência.
Imparcialidade não existirá. Essa é a nossa opinião. E a gente assina embaixo. E topa discutir com todo mundo porque acreditamos que é no debate de ideias que o mundo melhora.
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